quarta-feira, 23 de maio de 2012

Nesse mar - poetrix #6


Na tua orelha, caverna a mergulhar.
Do teu pescoço sei onde ir.
No teu colo, mar para navegar.

Corpo e mente - poetrix #5


Deixe a mente vagar
O pensamento não é pesado
O corpo é o peso a carregar.

Sonhos ao vento - poetrix #4


Voar na velocidade do pensamento
É o vento que leva o pássaro,
Ou pássaro que traz o vento.

Perfume que toca - poetrix #3


Odores sobem às narinas
Teu perfume me toca o rosto
Como vento de esquina.

Olhar pela janela - poetrix #2


Chuva, o chão umedece
A folha que cai da árvore,
No chão se compadece.

Canta, Canta! - poetrix #1


Canta, oh João-de-barro!
Que teu canto encanta,
Tal qual água que cai do jarro.

O despertar – poema #1


E o sonho se fez manhã,
Quando o amor anoiteceu.
O hoje não vê o amanhã,
Que o tempo se esqueceu.

O teu olhar, que era meu
Hoje é pupila sem irmã.
E o sonho se fez manhã,
Quando o amor anoiteceu.

No colo que me aqueceu,
se encontrou o leviatã,
quando o amor anoiteceu
e o sonho se fez manhã.

Fomos bem mais que somos – Rondel #1

Fomos bem mais que somos,
Nossa história não tem cor.
Nosso brilho ficou nos sonhos,
Sonho que não mais brilhou.

Olhos que mostraram amor,
Hoje se mostram tristonhos.
Fomos bem mais que somos,
Nossa história não tem cor.

Da nossa vida o que fizemos?
Nosso fogo se abrandou?
Falamos mais que ouvimos,
Nossa receita desandou.
Fomos bem mais que somos.

domingo, 15 de abril de 2012

E a vida, diga lá o que é meu irmão.

Muito já se falou, já se estudou sobre a vida...

Ninguém, porém, sabe exatamente o que é ou como é...

Fazer da própria vida o problema e a solução para se viver, muitas vezes é a grande incoerência da humanidade.

Querer se resolver em curto espaço de tempo, alcançando os melhores resultados, sempre será a busca infindável dos homo sapiens sapiens, não há saída para o planeta a não ser continuar girando.

Preocupar-se com questões mais globais como meio ambiente, sustentabilidade, IDH, pode parecer a melhor maneira de se afastar dos problemas mais íntimos, contudo, estar inserido nesse contexto geral é o destino insolúvel de todos os viventes.

Para muitos sustentabilidade é botar comida na mesa, para todos é melhor meio ambiente na mão do que dois voando.

Na vida é assim, hoje se ganha, amanhã se perde e tudo se transforma...

Não há como descer desse trem em movimentos elípticos, ou você embala no vai-e-vem bumerante ou fica enjoado.

Noite e dia se completam, sorte e revés se revesam.

Se a vida é um sobe e desce, imagina a do ascensorista.... 

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Pousando na Modernidade

Chego cedo à sede da empresa e, ao observar o prédio anexo ao que trabalho, me deparo com operários retirando revestimento daquela edificação.

Não seria nada estranho, afinal hoje só se fala em modernas técnicas de edificação, com vista à famigerada sustentabilidade, os famosos prédios verdes..., mas quão sustentável seria retirar um revestimento de mármores brancos, caríssimo, para colocar sabe-se lá o que no lugar... sei não...

Caminhando pelo estacionamento da empresa, que fica a céu aberto, reparei num pássaro em cima do retrovisor de um carro, desses modernos, dava pra ver que era um retrovisor elétrico, pois era retrátil, e como não é comum ver algum proprietário fechando manualmente seus espelhos, ou seja, estava o pequeno pássaro pousado na modernidade.

Entrando pelo átrio do prédio, fiquei aguardando o demoroso elevador, porém não sozinho no martírio, do outro lado do hall estava uma moça observando o mostrador do elevador mostrando que ele estava no vigésimo quinto andar, o que era muito curioso, uma vez que o prédio só conta com vinte e um “passos” rumo ao céu.

A cena me fez lembrar o passarinho dantes, pois a moça encontrava-se apontando seu smartfone para o mostrador do elevador e saiu disparando, guardando para a posteridade..., posteridade coisa nenhuma, ela iria mostrar para seus colegas a inusitada imagem do enganado mostrador, mas uma criatura pousando na modernidade.

Brasília, 05 de abril de 2012.

domingo, 1 de abril de 2012

Copa

A Câmara dos Deputados aprovou no último dia 28 de março, a Lei Geral da Copa, que ainda deve ser aprovada pelo Senado e sancionada pela Presidente Dilma para passar a valer.

Muito me espanta o rebuliço causado pela FIFA por conta da demora da aprovação da Lei Geral, ora, eles não sabem que aqui no Brasil tudo é assim? Para se decidir alguma coisa em favor do povo sempre demorou horrores, não seria para decidir pelo “povo” que nem é daqui que seria rapidinho, não é?

“Mas a Lei Geral é clara”, dizem uns, “ao suspender o Estatuto do Torcedor durante a Copa, está liberada a comercialização de bebidas alcoólicas nos estádios”. “A FIFA terá que negociar com os Governos locais”, dizem outros, no final só quem não vai decidir nada e vai tomar cerveja ruim e quente é o povo que irá assistir aos jogos.

Esta lei de geral não tem nada, afinal ela não foi criada para todos, mas pelos interesses de alguns.

Chego a pensar que os oniscientes Governo Federal e FIFA sabem exatamente do que o povo precisa:
Futebol, samba, suor e cerveja...  “isquindô!”

Brasília, 01 de abril de 2012.

sábado, 31 de março de 2012

O nascimento da inventividade

Sempre quis escrever um texto literário, mas apenas o que consegui até hoje foi blasfemar contra a boa Literatura Brasileira; mataria até um Imortal da Academia, se ele não tivesse esse adjetivo/título/adjetivo, sei lá…
Particularmente tenho apreço pelas narrativas curtas, gosto muito de lê-las, mas sempre me vem o ‘Senhor Bom Senso’, que, “Graças a Deus!”, me faz parar e não ser subjugado pela mediocridade inventiva. Paro e lanço mão da borracha, aliás, da borracha não, da tecla ‘Delete’; acabo com aquilo que seria o meu opróbrio, motivo de chacota para toda a crítica literária; ou o pior, seria uma apresentação vexatória contra toda produção verdadeiramente literária já escrita nesse solo da Pátria Mãe Gentil.
Deixo a literatura para os literatos e dedico-me a leitura junto aos ledoratos.
Agradeço à Luci Afonso, pois não me deu o papel e a caneta e disse escreve… me deu sobre o que escrever.
Assim nasci para os textos literários, me deram a luz sobre o papiro e a pena.
Claro está que isso é só lirismo, pois isso escrevi no teclado e não no papel a caneta, a final: “as crianças de hoje em dia já nascem de olhos aberto… só faltam sentarem à mesa com um computador.”
Bom, enquanto não me aventuro pelos contos, vou cronicando…
Rio de Janeiro, 23 de março de 2011.
Michel Pires
Luci Afonso escreve no blog http://luciafonso.blogspot.com

sexta-feira, 30 de março de 2012

Admirável mundo novo

Um dia você chega num mundo novo...

Faz uma primeira observação - "as pessoas são diferentes aqui!" - e nem se questiona - "mas não são sempre assim?"

O modus operandi é diferenciado, todos aparentam ter uma postura melhor nas suas cadeiras e no seu computador.

Até as cadeiras parecem melhores...

Num segundo momento, observa que outros se sentem como você, acham que este é o El Dourado, o Éden tão esperado.

Até as persianas parecem melhores que as de outrora...

Se admira com as novas tecnologias aplicadas no dia a dia, a final está no centro do seu mundo corporativo, numa posição desejada, invejada até.

Você está justaposto no lugar mais desejado, é o pico mais alto para os alpinistas, é a onda mais perfeita para  o surfista, o "buraco da terra" em que espeleólogo algum jamais entrou.

Um dia você começa a ver coisas que você não havia reparado antes naquele lugar, mas não é verdade, aliás você já tinha observado aquelas coisas em todos os outros lugares que já havia passado, só que ali o espelho d'água escondia as profundezas.

Um dia você chega num mundo novo e percebe que nem é tão novo assim.